Gripe Aviária

18 de junho de 2012 - 14:03

A gripe aviária é uma doença ocasionada pelo vírus da influenza (gripe) tipo A, cujas cepas ou subtipos são classificados de baixa ou de alta patogenicidade, de acordo com a capacidade de provocarem doença leve ou grave nas aves. O vírus da influenza tipo A pode infetar uma grande variedade de espécies animais, incluindo humanos, eqüinos, suínos, mamíferos marinhos e aves. Todas as aves são consideradas suscetíveis à infecção, embora algumas espécies sejam mais resistentes que outras. A doença provoca vários sintomas nas aves, os quais variam de uma forma leve até uma doença altamente contagiosa e extremamente fatal que pode resultar em grandes epidemias. Esta é conhecida como “gripe aviária de alta patogenicidade” e se caracteriza por início súbito, sintomas graves e morte rápida, com taxa de mortalidade próxima a 100%. Existem vários subtipos do vírus da influenza tipo A que infetam as aves, mas todos os surtos da forma de maior patogenicidade são causados pelos subtipos H5 e H7.
Transmissão
A transmissão do vírus entre diferentes espécies de aves dá-se por contatos diretos ou indiretos de aves domésticas com aves aquáticas migratórias (principalmente patos selvagens), as quais são reservatórios naturais do vírus e também mais resistentes às infecções, constituindo assim a principal causa das epidemias. A exposição direta a aves infetadas ou a suas fezes (ou à terra contaminada com fezes) pode resultar na infecção humana. As aves e as pessoas podem ser infetadas por inalação ou ingestão do vírus presente nas fezes e secreções (corrimento nasal, espirro, tosse) das aves infetadas. Ovos contaminados constituem outra fonte de infecção de galinhas, principalmente nos incubatórios de pintinhos, visto que o vírus pode ficar presente durante 3 a 4 dias na casca dos ovos postos por aves contaminadas. Não foi evidenciada transmissão pela ingestão de ovos. A transmissão também se dá pelo contato com ração, água, equipamentos, veículos e roupas contaminadas.
Observações
O vírus é sensível ao calor (56ºC por 3 horas ou 60ºC por 30 minutos) e desinfetantes comuns, como formalina e compostos iodados. Podem sobreviver em temperaturas baixas, em esterco contaminado por pelo menos três meses. Na água, o vírus pode sobreviver por até 4 dias à temperatura de 22ºC e mais de 30 dias a 0ºC. Para as formas de alta patogenicidade (H5 e H7), estudos demonstraram que um único grama de esterco contaminado pode conter vírus suficiente para infetar milhões de aves.
Disseminação
O vírus pode se espalhar facilmente de uma granja para outra. Um grande número de vírus é eliminado nas fezes das aves, contaminando a terra e o esterco. Os vírus respiratórios, quando inalados, podem propagar-se de ave para ave, causando infecção. Os equipamentos contaminados, veículos, forragem (pasto, alimento), viveiros ou roupas – principalmente sapatos – podem carrear o vírus de uma fazenda para outra. O vírus também pode ser carreado nos pés e corpos de animais, como roedores, que atuam como “vetores mecânicos” para sua propagação.As fezes de aves selvagens infetadas podem servir de fonte de vírus para as aves comerciais e domésticas (de quintais). O risco de o vírus vir a ser transmitido de aves selvagens para aves domésticas é maior quando as aves domésticas estão livres, compartilham o reservatório de água com as aves selvagens ou usam um reservatório de água que pode tornar-se contaminado por excreções de aves selvagens infetadas. Outra fonte de disseminação são as aves vivas, quando comercializadas em aglomerados sob condições insalubres. O comércio internacional de aves domésticas vivas pode servir de eficiente forma de disseminação do vírus de um país para outro país. Aves migratórias podem
carrear o vírus por longas distâncias, como ocorrido anteriormente na difusão internacional da influenza aviária de alta patogenicidade. Aves aquáticas migratórias – principalmente patos selvagens – constituem o reservatório natural dos vírus da influenza aviária e são mais resistentes à infecção, podendo carrear o vírus por grandes distâncias e eliminá-los nas fezes, ainda que desenvolvam apenas doença leve. De outra parte, os patos domésticos, os perus, os gansos e diversas outras espécies criadas em granjas comerciais ou quintais são suscetíveis a infecções letais.
Sintomas
Problemas respiratórios (tosse, espirros, corrimento nasal), fraqueza e complicações como pneumonia. A doença causada pelos subtipos H5 e H7 do vírus da influenza aviária (classificados como vírus de influenza aviária de alta patogenicidade) podem causar quadros graves da doença, com manifestações neurológicas (dificuldade de locomoção) e outras (edema da crista e barbela, nas juntas, nas pernas, bem como hemorragia nos músculos), resultando na alta mortalidade das aves. Em alguns casos, as aves morrem repentinamente, antes de apresentarem sinais da doença. Nesses casos, a letalidade pode ocorrer em 50 a 80% das aves. Nas galinhas de postura observa-se diminuição na produção de ovos, bem como alterações na casca dos mesmos, deixando-as mais finas. O tempo de aparecimento dos sintomas após a infecção pelo vírus da influenza depende do subtipo do vírus. Em geral os sintomas aparecem 3 dias após a infecção pelo vírus da influenza, podendo ocorrer a morte da ave. Em alguns casos esse tempo é menor que 24 horas e em outros pode chegar a 14 dias. Após a infecção, as galinhas eliminam o vírus nas fezes por cerca de 10 dias e as aves silvestres por cerca de 30 dias. Depois desse período, as aves que não morreram pela infecção podem desenvolver imunidade contra o vírus.
Medidas de Controle
a) destruição rápida de todas as aves infetadas ou expostas à infecção através de contatos com aves doentes ou suspeitas;
b) descarte das carcaças;
c) quarentena e desinfecção rigorosa das granjas com aves infetadas pelo vírus;
d) restrições ao transporte de aves domésticas vivas, tanto no próprio país como entre paises.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda aos países afetados pela influenza humana e aviária as seguintes medidas:
1- Utilização de equipamentos adequados para proteção pessoal dos abatedores
e transportadores de aves, tais como:
a) roupas de proteção, de preferência macacões e aventais impermeáveis ou roupas cirúrgicas com mangas longas e aventais impermeáveis;
b) luvas de borracha, que possam ser desinfetadas;
c) máscaras N95 de preferência 1 ou máscaras cirúrgicas 2 ;
d) óculos de proteção;
e) botas de borracha ou de poliuretano que possam ser desinfetadas ou proteção descartável para os pés.
2- Lavagem freqüente das mãos com água e sabão. Os abatedores e transportadores devem desinfetar suas mãos depois de cada operação.
3- A limpeza do ambiente nas áreas de abate, usando EPI (equipamentos de proteção individual).
4- Todas as pessoas expostas a aves infetadas ou a fazendas sob suspeita devem ser monitoradas pelas autoridades sanitárias locais.
5- Informação imediata ao serviço de saúde sobre o aparecimento de sintomas tais como dificuldade de respirar, conjuntivite, febre, dor no corpo ou outros sintomas de gripe. Pessoas com alto risco de complicações graves de influenza (imunodeprimidos, com 60 anos e mais de idade, com doenças crônicas de
coração ou pulmões) devem evitar trabalhar com aves com suspeita de infecção.
6- Coleta, para investigação sobre a presença e as características moleculares do vírus da influenza, as seguintes partes ou órgãos de animais, inclusive suínos: sangue e post mortem (conteúdo intestinal, swab anal e oro-nasal, traquéia, pulmão, intestino, baço, rins, fígado e coração).
No Brasil, a vigilância da influenza está implantada desde o ano 2000. Baseia-se na estratégia de vigilância sentinela, composta por unidades de saúde/pronto atendimento e laboratórios. Esta rede informa semanalmente a proporção de casos de síndrome gripal atendidos nas unidades sentinela e os tipos de vírus respiratórios que estão circulando em sua área de abrangência. Para dar suporte a esse sistema, desenvolveu-se um sistema de informação, o SIVEP – Gripe, com transmissão de dados on line, garantindo assim a disponibilização dos dados em tempo real. Para o diagnóstico laboratorial são realizados testes específicos em amostras de secreção nasofaríngea, coletada por aspirado nasofaríngeo e/ou swab combinado.